João Araújo
João Araújo nasceu no Rio de Janeiro, em 2 de julho de 1935. Foi empresário e produtor musical brasileiro. Começou na música aos 14 anos, após ser convidado por um cunhado para trabalhar na Copacabana Discos, como auxiliar de imprensa. Em seguida, foi para a Odeon (hoje EMI) e depois para a Philips (hoje Universal), tornando-se diretor artístico. Lá montou um elenco histórico, contratando artistas como Gal Costa, Caetano Veloso e Jorge Ben Jor, na época ainda conhecido como Jorge Ben.
Em 1969, fundou a gravadora das Organizações Globo, a Som Livre, em que permaneceu 38 anos, sempre no comando. Ao longo da carreira na indústria fonográfica, foi responsável por lançar artistas como Djavan, Gilberto Gil, Novos Baianos, Lulu Santos, Nara Leão e seu filho Cazuza. Em novembro de 2007, conquistou o Grammy de “Contribuição à Música” (Life Achievement), na categoria produtor. Faleceu em 30 de novembro de 2013, em casa, após sofrer um infarto.
Entre os itens do seu acervo, doados por sua esposa, Lucinha Araújo, em 2014, estão milhares de CDs, centenas de LPs, 38 prêmios (entre estatuetas e placas), além de diversas fotografias. No momento, não disponível para consulta, aguardando tratamento técnico.
Jairo Severiano
Pesquisador, escritor e produtor musical, Jairo Severiano viveu a infância e a adolescência em Fortaleza, cidade onde nasceu, em 20 de janeiro de 1927, e em Recife. Em 1950, muda-se para o Rio de Janeiro dando inicio à carreira de funcionário público no Banco do Brasil, onde se aposentaria. Em 1968, principiou importante levantamento da discografia brasileira em 78 rotações por minuto. Na década seguinte, passa a colaborar com os pesquisadores Alcino Santos, Grácio Barbalho e Miguel Ângelo de Azevedo (Nirez), que também desenvolviam atividades na mesma área. Sob os auspícios do então Ministério da Educação, a pesquisa, terminada em 1979, é publicada pela Funarte, três anos mais tarde, com o título: Discografia Brasileira – 78 RPM – 1901/1964.
Em 1983, por encomenda da Fundação Getúlio Vargas (FGV), escreve Getúlio Vargas e a música popular, publicado no mesmo ano.
Posteriormente, a biografia do compositor João de Barro, escrita por ele, vence o Concurso de Monografias Lúcio Rangel, sendo publicada pela Funarte, em 1987, com o título Yes, nós temos Braguinha. Ainda na década de 1980, organizou e produziu importantes álbuns fonográficos de resgate histórico, dos quais se destacam a série Revolução de 32 (1982), O ciclo Vargas (1983) e Revolução de 30 (1998), em parceria com Miguel Ângelo de Azevedo (Nirez), produzida para a Fundação Roberto Marinho, e Araci Cortes (1984), Orlando Silva (1985), Yes, nós temos Braguinha (1987) e Nosso Sinhô do Samba (1988), para a Funarte; Native Brazilian Music (1987), para o Museu Villa-Lobos, e os LPs duplos Dorival Caymmi (1985) e Antônio Carlos Jobim (1987), reeditados em CDs com os títulos de Caymmi inédito e Tom Jobim inédito.
Paralelamente, ainda coordenou os projetos Mozart de Araújo (1991), para o Centro Cultural Banco do Brasil, e, juntamente com o pesquisador Paulo Tapajós, Memória Musical Carioca, para o Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro. Em 1997 e 1998, publica A canção no tempo: 85 anos de músicas brasileiras – 1901/1985, em dois volumes, obra escrita em parceria com o pesquisador Zuza Homem de Mello.
A coleção Jairo Severiano é composta, exclusivamente, por fitas de áudio, com gravações de artistas renomados.
Herivelto Martins
O cantor e compositor Herivelto Martins nasceu no antigo Distrito de Rodeio, atual município de Engenheiro Paulo de Frontin, no Rio de Janeiro. Seu pai era apaixonado por teatro, e com apenas três anos Herivelto já se apresentava nos espetáculos promovidos por ele. Ainda criança aprendeu música e fez suas primeiras composições aos nove anos. Aos 18 anos resolveu partir para o Rio de Janeiro, para tentar uma carreira artística.
Nas inúmeras ocupações que teve, conheceu sambistas que o levaram à gravadora RCA Victor, onde se tornou diretor de coro. Num momento em que o samba ainda não havia descido o morro e chegado à cidade, Herivelto foi um importante elemento de ligação, compondo vários clássicos do gênero, eternizados nas vozes de inúmeros intérpretes, como Francisco Alves, Aracy de Almeida, Sílvio Caldas, Aurora Miranda, Carmen Miranda, Nelson Gonçalves e muitos outros.
Em 1937 formou com Nilo Chagas e Dalva de Oliveira o Trio de ouro. Sua união com Dalva foi oficializada em 1939 e durou até 1947, quando a separação tumultuada do casal determinou o fim do grupo vocal.
A coleção Herivelto Martins é composta de centenas de discos, fitas K-7, fitas rolo, partituras, fotografias, periódicos e documentos textuais, ainda não disponíveis para consulta, pois aguardam tratamento técnico.
Guilherme Santos
Guilherme Antônio dos Santos nasceu em 1871, no Rio de Janeiro. Fotógrafo amador apaixonado pela fotografia tridimensional, Guilherme Santos adotou em seu trabalho a técnica da estereoscopia, registrando minuciosamente os hábitos do carioca, a paisagem e o cotidiano da cidade. A estereoscopia é uma forma de fotografia tridimensional que se tornou muito popular mundialmente ao longo da segunda metade do século XIX e início do século XX. A técnica é obtida por meio de uma câmera especial, com duas lentes paralelas e separadas pela mesma distância média interocular, que reproduzem a sensação de profundidade, de maneira bem próxima da visão real. Fazendo uso dessa técnica, Guilherme Santos produziu, durante mais de meio século, uma preciosa coleção de estereogramas em lâminas de vidro, que resgatam antigos carnavais na Avenida Central, com seus corsos e fantasias, visitantes ilustres, personalidades nacionais, logradouros, fontes, teatros antigos e o famoso Café Nice.
Por meio de sua arte, podem ser observados, além de costumes de uma época, aspectos importantes da memória cultural do país, tais como a chegada dos pioneiros aviadores Gago Coutinho e Sacadura Cabral, a inauguração do Cristo Redentor, o voo do Graf Zeppelin e os pavilhões da Exposição de 1922, realizada em comemoração aos cem anos da Independência do país.
Guilherme Santos faleceu em 1966, no Rio de Janeiro.
A coleção Guilherme Santos, adquirida para o MIS na época da inauguração, é constituída, aproximadamente, por 17.800 negativos e 9.300 positivos (em vidro), além de 1.300 ampliações em papel, feitas a partir desses negativos.
Dorival Caymmi
Compositor, cantor e pintor nascido em Salvador, Bahia, em 30 de abril de 1914. Aos 16 anos, em 1930, interrompe seus estudos, passando a trabalhar como auxiliar no jornal O Imparcial, mesmo ano em que escreve sua primeira canção, “No sertão”. Aos 20 anos, começa a se apresentar como cantor e violonista na Rádio Clube da Bahia. Em 1936, vence concurso de músicas de carnaval com o samba “A Bahia também dá”. Dois anos depois, em 1938, embarcou para o Rio de Janeiro, conseguindo emprego como desenhista numa agência de publicidade, e começa a se apresentar na Rádio Tupi. Em 1939 a canção “O que é que a baiana tem?”, na voz de Carmen Miranda, torna-se sucesso nacional. Em 1940 trabalha na Rádio Nacional e conhece a caloura Stella Maris, com quem se casa e tem três filhos: Dinahir (Nana), em 1941, Dorival (Dori), em 1943, e Danilo, em 1948.
Entre seus maiores sucessos, podemos citar: “Você já foi à Bahia?” (1941), “A preta do acarajé” (1939), “Samba da minha terra” (1940), “Dora” (1945), “Rosa Morena” (1942), “Peguei um Ita no Norte” (1945), “Marina” (1947), “Sábado em Copacabana” (1951), “Não tem solução” (1950), “João Valentão” (1953), “Só louco” (1955), “Maracangalha” (1956), “Saudade da Bahia” (1957), “Oração para Mãe Menininha” (1972) e “Modinha para Gabriela” (1975). Em 70 anos de carreira, deixou 127 composições e 17 LPs gravados. Faleceu, no Rio de Janeiro, em 16 de agosto de 2008.
A coleção Dorival Caymmi é constituída, fundamentalmente, por documentos iconográficos, aí incluídas fotografias e cartazes de show, muito embora também possua documentos sonoros, bibliográficos e objetos tridimensionais.
Braguinha
Carlos Alberto Ferreira Braga, nascido no Rio de Janeiro, em 29 de março de 1907, teve o interesse e a vocação pela música despertados logo cedo. Aos 16 anos, compôs sua primeira obra (letra e música), de nome “Vestidinho encarnado”. Com amigos de colégio, em meados de 1928, formou o grupo Flor do Tempo. Formado basicamente por Braguinha, Henrique Brito, Alvinho, Noel Rosa e Almirante, apresentava-se em casas de amigos e em clubes. Impulsionados por Almirante, em 1929, iriam transformar-se no Bando de Tangarás, gravando 19 músicas, sendo 15 de autoria de Braguinha.
Chamado de Carlinhos na família e de Braguinha pelos amigos, foi com esse grupo que surgiu João de Barro. Estudante de arquitetura, inspirou-se no pássaro arquiteto para criar o pseudônimo, uma vez que seu pai não queria o nome de família envolvido com música popular, devido aos preconceitos que marcavam essa época. O Bando de Tangarás desfez-se em 1933, mas foi durante sua existência que sua carreira começou a se afirmar. Braguinha fez parte da geração que cantou e encantou a chamada “Era de Ouro” do carnaval brasileiro (1930-1942). Em 1934, o então João de Barro conheceu duas pessoas que marcariam sua carreira: Alberto Ribeiro, seu maior parceiro, e Wallace Downey, um americano que o conduziu à carreira do cinema e à indústria de discos. Uma das facetas pouco divulgadas de Braguinha foi sua participação como roteirista e assistente de direção em filmes da Cinédia. Juntamente com Alberto Ribeiro, escreveu argumentos e composições para a trilha sonora de filmes como Alô, Alô, Brasil e Estudantes, cuja personagem principal, Mimi, foi estrelada por Carmem Miranda.
A Coleção Braguinha foi doada ao MIS-RJ em 08.11.2013 e é composta de centenas de fotografias, discos, fitas K-7, fitas rolo, partituras e documentos textuais, ainda não disponíveis para consulta, aguardando tratamento técnico.
Augusto Malta
Augusto César Malta de Campos nasceu em Mata Grande, Alagoas, no dia 14 de maio de 1864. Aos 24 anos mudou-se para o Rio de Janeiro. Foi empregado no comércio, como auxiliar de escrita, depois desempenhou a função de guarda-livros, trabalhou ainda em loja de secos e molhados e, por fim, passou a oferecer tecidos com uma bicicleta pelas ruas da cidade. Foi quando, em 1903, foi contratado por Pereira Passos como fotógrafo oficial da Prefeitura do Distrito Federal, sendo o primeiro fotógrafo a ocupar o cargo recém-criado.
No período entre 1903 e 1936, documentou grandes transformações urbanísticas e arquitetônicas ocorridas na cidade do Rio de Janeiro, acompanhando as grandes remodelações de seu tempo, como o desmonte do Morro do Castelo, a abertura da Avenida Central, a Exposição Nacional de 1908 e a Exposição Internacional de 1922, em comemoração ao Centenário da Independência do Brasil. Malta registrou também a execução e a inauguração de obras públicas, monumentos, prédios históricos, notícias e acontecimentos da época, transformando-se em verdadeiro cronista visual do Rio.
Aposentou-se em 1936, após servir às administrações de Pereira Passos, Sousa Aguiar, Carlos Sampaio, Prado Júnior, Alaor Prata e Pedro Ernesto. Até meados da década de 1940, continuou atuando como fotógrafo, eternizando os carnavais do Rio, os corsos e as batalhas de flores, flagrantes do momento, as personalidades de época, bem como aspectos sociais, como, por exemplo, o surgimento das favelas, em obra de inestimável valor histórico para a preservação da memória da cidade.
Faleceu aos 93 anos, no dia 30 de junho de 1957.
A coleção Augusto Malta, comprada para o MIS na época de sua inauguração, é constituída por mais de 25 mil fotografias, 20 álbuns fotográficos com imagens selecionadas pelo próprio, 1.700 negativos de vidro e 115 negativos panorâmicos.
Almirante
Henrique Foréis Domingues, radialista, compositor, cantor e pesquisador, nasceu no Rio de Janeiro, em 19 de fevereiro de 1908. Seu apelido, Almirante, teve origem no período em que serviu na Marinha (1926-27), quando teve oportunidade de desfilar ao lado do comandante da Reserva Naval, em traje de gala, sendo confundido com um almirante. Ao lado de Noel Rosa e Braguinha, iniciou sua carreira artística em 1928, no conjunto Bando de Tangarás. Gravou grandes sucessos, como “Yes, nós temos bananas”, “Touradas em Madri” e “O orvalho vem caindo”, além de ter sido parceiro de Carmen Miranda em discos e filmes nacionais. No carnaval de 30 lançou a música “Na Pavuna”, um dos seus grandes sucessos. Recebeu o título de A maior patente do rádio, graças a programas inovadores como Curiosidades musicais e Incrível! Fantástico! Extraordinário!.
Almirante dedicou sua vida à divulgação e à preservação da memória musical brasileira, tendo organizado um vasto acervo que se tornou importante fonte de pesquisa sobre o folclore e a música popular brasileira. Faleceu no Rio de Janeiro, em 22 de dezembro de 1980.
A coleção Almirante foi adquirida pelo governo do estado na época da inauguração do MIS, em 1965, e é composta de milhares de partituras, livros, fotos, recortes de jornais, além de instrumentos musicais que pertenceram a músicos brasileiros famosos.
Abel Ferreira
Abel Ferreira é compositor e instrumentista de sax e clarineta. Ele começou a tocar clarineta
por volta dos doze anos. Algumas de suas obras se tornaram clássicos do repertório popular
brasileiro, como “Acariciando” e “Doce melodia”. Abel Ferreira, mineiro de Coromandel,
Minas Gerais, desenvolveu sua carreira entre Minas e São Paulo, onde estreou seu primeiro
disco, em 1942, interpretando no clarinete o choro “Chorando baixinho”, que se tornou seu
grande sucesso.
Abel Ferreira veio para o Rio de Janeiro, em 1943, passou a atuar em conjuntos musicais
famosos de seu tempo, como o de Valdir Azevedo e o do pianista Bené Nunes, tendo também
participado de grandes orquestras, como a de Rui Rei e a de Ferreira Filho, no Cassino da Urca.
Mais tarde, constituiu seu próprio grupo, divulgando a música brasileira pelo Brasil e pelo
mundo. Foi também responsável pelo acompanhamento musical de intérpretes nacionais
famosos, como Sílvio Caldas, Francisco Alves, Orlando Silva, Marlene, Emilinha e Beth
Carvalho.
A coleção Abel Ferreira foi doada ao MIS pelos filhos do compositor em 1995 e inclui, além de
outras peças, dois dos seus instrumentos, o saxofone e a clarinete.